terça-feira, 28 de agosto de 2007

Um robô. Por que não?


[Cuidado! Esse post pode ser técnico, esquisito e nerd demais para alguns]

Uma vez na escola disse para meus colegas que havia construído um robô, mas era mentira. Mas eu queria ter construído um robô. Via aqueles programas de guerra de robôs (sim, ainda tinha TV em casa naquele tempo!), e pensava que deveria ser bem fácil montar algum desses. Não eram robôs minuciosos como os replicantes de Blade Runner. Eram coisas mais simples que o R2D2 de Star Wars. Parecia mais fácil de montar do que o Lego dos piratas.


Hoje, estou aceitando cada vez mais a realidade, e tudo mudou. Minha percepção das coisas é bem diferente da que eu tinha na minha infância, e percebo que o mundo não é tão fácil quanto parecia ser. Nunca foi fácil. Mas os robôs, sinceramente, não parecem tão difíceis assim. Então decidi que eu quero um robô. E não quero aqueles cachorros sem graça da Sony, e não quero comprar nada pronto. Eu quero fazer o meu robô, ora bolas!


O básico


Seria um Modelo R2 como esse ai, mas ao invés da superfície retrô clássica, imagino ele revestido de células fotovoltaicas (seria uma parte cara) para garantir uma fonte secundária de energia ao robô, mas para carregar as baterias ele também poderia usar a velha e boa tomada. A movimentação seria garantida por motores simples, um para cada perna.


A idéia é que o robô tenha uma inteligência artificial, que ele saiba se movimentar sozinho. Para isso, seria importante um GPS, para ele traçar mapas dos lugares, sensores de proximidade que garantam que ele não saia trombando nas coisas, e também uma leve aleatoriedade para que ele se movimente de forma natural. Possivelmente nada mais complexo que uma I.A. de monstro de videogames.


Sobre a utilidade do robô, pensei no básico: além de ser autônomo, ele poderia ter um compartimento que seria uma pequena geladeira. Não algo com um sistema de refrigeração real, e sim um compartimento de plástico isolante com muito gelo e algumas bebidas, como água de coco e suco de acerola. O gelo que derretesse desceria para um pequeno ralo nesse compartimento, e seria usado para ajudar a refrigeração do robô. É importante então que essa geladeira fique em um lugar alto. Por fim, a água seria “mijada”. Para evitar constrangimentos, o robô deve ter uma programação que permita que o mesmo só libere os resíduos em locais apropriados.


O Controle Remoto


Como o R2 se movimentará sozinho, o controle do mesmo servirá para ajustes na programação, como definir um lugar na casa para o robô mijar, um lugar para tomar sol, e acionar funções extras. O controle também pode ser usado para chamar o robô, mas também deve ser possível chamar o robô por voz, gritando “ar-tchú!”. Outra função interessante seria um modo passeio, em que o robô não saísse de perto do controle remoto, possibilitando que o R2 acompanhe seu dono em caminhadas como um cão bem treinado, realizando apenas alguns movimentos aleatórios. No resto do dia, ele pode andar pela casa aspirando o pó, como aqueles robôs bacanas que eu nunca vi, mas sei que existem.


Extras


O R2 deve saber tocar mp3. Hoje em dia todo tipo de aparelho toca MP3, mesmo os que não deveriam. Para isso, ele deve ter algumas caixas de som, que também servem para emitir o assobio clássico do robô. O R2 também contará com 2 drives de CD, e um leitor de DVD/Gravador de CD. Entradas para cartões SD, disquete, disquetão, e fita K7 também estariam disponíveis, por comodidade. O R2 deve contar com conexões sem fio Wi-Fi, Bluetooth e infravermelho. Muitas baterias de carro também estão previstas, para muito tempo de energia. Um relógio também seria legal, com despertador. O R2 poderia ser programado para entrar no quarto de seu dono todas as manhas como uma música de acordar, em uma hora pré-definida.


Ele também deveria carregar pilhas, celulares, PSPs e DSs. E para controlar tudo isso, quatro PCs da década passada estariam dentro dele, com seus HDs somando menos de 200 GB, o que faria do R2 um HD portátil bem grande em espaço físico e pequeno em espaço virtual, também. E é claro, existirão muitas e muitas entradas USB. E uma câmera digital, que poderia ser usada tanto para filmar quanto para fotografar (hoje tudo tira fotos digitais!). E seria legal que o R2 tirasse fotos aleatórias às vezes.


Procurando imagens para ilustrar esse Post, achei um pessoal que fez um projetor no formato do R2D2. Seria um legal um projetor de imagens para esse R2 também, ainda que seja algo bem caro.


Material & Pessoal


Tenho um bocado de lixo tecnológico aqui em casa (4 PCs, pilhas, três celulares tipo Startac, gravadores de fita, drives de CD...) e acho que tudo isso, mais alguns componentes essenciais, seria o suficiente para montar o robô. Também ia precisar de ajuda, de pessoas realmente competentes e dedicadas. Eu pensei em chamar o Leopoldo, que entende dessas coisas, O Fábio “Mendigo” Mindingo “Santos” Faria, que é super talentoso, alguém que saiba programação e o João, Glauco, Arthur, Lucão, Fábio, toda essa turma que anima passar o tempo com algo absolutamente inútil e insano.


Para que um robô?


Além das funções já citadas, um robô também é interessante para chamar atenção na rua, causar inveja em fãs de Star Wars, guardar dados de forma estilosa e perder dinheiro e tempo com algo inútil, mas muito legal.


terça-feira, 21 de agosto de 2007

Dicas de segurança

Por motivos pessoais não cumpri a meta dos posts semana passada. Mas por motivos pessoais acredito que vou cumprir nessa semana. Ou não.


Enfim, queria relembrar algo que me ocorreu na sexta-feira retrasada. O grande Pedro Grossi me fez um convite irrecusável para uma peça de teatro com atores famosos de novela (Petrônio Gontijo e Maria Fernanda Cândido), chamada Pequenos Crimes Conjugais. Apesar de um enredo interessante, e supostamente, atores profissionais, lá pro meio já estava achando um bocado chato. Fui assistir ao espetáculo junto da garota mais interessante que eu já conheci (minha Lorena), e do Mr. Grossi, e parece que minhas companhias gostaram muito mais do que eu. Pode ser que eu não tenha o refinamento necessário para gostar de um bom teatro, mas tudo bem. Afinal, quando decidi montar esse blog, não pensei em resenhar peças e coisas assim (pseudocultural até demais). Prefiro outro tipo de resenha.


Pois bem, após deixar todas minhas companhias em casa, voltei para a minha, entrei na garagem, e me dei conta que havia esquecido a chave. Toquei a campainha mas ninguém estava, então liguei pro celular do meu irmão, que estava tomando milk shakes com sua garota em um canto da cidade. Sem nada que pudesse fazer senão esperá-lo, sentei no carro e fui ouvir um disco arranhado cheio de MP3s que fizeram sucesso (pra mim) em 2002. Chateei-me rapidamente.


Pensei em fazer algo útil. Pensei em fazer algo inútil. Pensei até em postar no blog. Mas sozinho, de madrugada, na garagem do prédio, não poderia fazer nada disso. Pensei então em situações hipotéticas, como as que eu discutia com o Fábio nos tempos de escola enquanto dávamos voltas, subindo e descendo as escadas do pátio coberto. Foi aí que pensei como seria se eu fosse seqüestrado em meu carro. O GM Celta não é lá um veiculo espaçoso, e qualquer reação dentro dele seria complicada. Além disso, é provável que me trancassem no porta-malas, como os seqüestradores costumam fazer. Decidi então conhecer meu porta-malas melhor.



Depois de tirar mil CDs, roupas, papéis e um chapéu de palha, consegui o espaço para ficar dentro do bagageiro do meu carro. Fechei-o, para maximizar a experiência. Nesse momento já pensei em escrever no blog. Era uma idiotice se trancar no porta-malas do carro, sem dúvidas, então pensei sobre o tipo de idiota que eu sou: aquele que gosta de divertir os outros com suas idiotices absurdas, como o Michelangelo das Tartarugas Ninjas, ou o Hurley, do Lost, ou mesmo o Homer.


Resenha: O porta-malas do GM Celta (modelo antigo)


Apesar de bem pequeno, o espaço do porta-malas é suficiente para carregar um adulto de porte médio, com o mínimo de conforto que se espera desse tipo de acomodação. Não dá para esticar as pernas, claro, e a posição fetal é a mais confortável e natural possível. O lugar onde fica a roda traseira do carro serve como um ótimo apoio para a cabeça, apesar de meio duro, e a altura faz com que seja possível mudar o lado do corpo com facilidade, mesmo se as mãos estiverem algemadas. Não entrarei em méritos de segurança, mesmo por que não existe nenhum tipo de cinto ou airbag nos bagageiros, mesmo em veículos mais luxuosos que o Celta.


Pensei em como poderia reagir a uma situação de risco trancado no porta-malas, e consegui chegar em algumas conclusões básicas:

· Os criadores do Celta fizeram um porta-malas bem seguro. Uma vez lá, não dá para levantar o banco de volta ou tentar abrir a porta traseira. Mas existe uma falha em tudo isso: a tampa de plástico do Celta é bem frágil. Não é preciso muita força para quebrá-la e dar um susto nos bandidos. Mas depois disso, é bom saber como reagir.

· O porta-malas é um espaço amplo e pouco utilizado no dia-a-dia. É possível guardar uma série de objetos lá que poderiam ser úteis na hora do aperto.

· Um telefone celular emergencial lá seria bem útil para tentar mandar mensagens de socorro. Um GPS também seria bom, para indicar aos homens da lei sua localização, já que não tem janelas no porta-malas.

· Uma faca seria fundamental para uma boa reação quebrando a tampa de plástico, de preferência uma peixeira grande e bem afiada. A faca também serve para cortar amarras ou mordaças, e talvez por isso um modelo “Rambo”, com serrinhas perto do cabo, seja o mais indicado.

· Um alicate também pode ser legal para cortar algemas ou coisa parecida.

· Um iPod, PSP, caderninho de Sudoku (com lanterna) ou mesmo um bom livro também são importantes, já que ficar trancado horas no porta-malas é, acima de tudo, bem chato.


Não demorei muito para pensar em tudo isso, e quando tentei sair do porta-malas para me entreter com outra tolice qualquer, percebi que não conseguiria fazer isso sem quebrar nada. Decidi então esperar meu irmão voltar, afinal, ele já estava chegando. Mas acontece que ele demorou, e nesse meio tempo comecei a cochilar no bagageiro desconfortável, ouvindo Godspeed You! Black Emperor, Beattalica, Cartola, Angra, Dj Tiesto e até mesmo o maldito Radiohead. Onde estava com a cabeça quando gravei esse disco? Também descobri que a música da Bessie Smith que havia pegado no Kazaa era um daqueles fakes em que fica repetindo um único refrão. E que todo o CD do Marilyn Manson estava em um volume baixo de mais. E o porta-malas estava completamente escuro, cada vez mais quente, cada vez mais abafado, e eu cada vez mais sufocado, e com medo de fantasmas. Quando o João chegou, algumas horas depois, eu estava meio morto, meio paranóico e bem aliviado. Mas até que foi divertido.


No próximo post devo escrever sobre algo normal, para variar.


quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Sobrevivência ao Self-Service

[Parágrafo introdutório]

(De volta com os Posts. Devidos a problemas pessoais, não postei durante o mês passado. Agora decidi que vou atualizar esse fantástico portal de cultura e entretenimento as terças e quintas de madruga, ou segundas e sextas. Ou nos fins de semana. Enfim, duas atualizações semanais, eu espero. Também encomendei uma nova programação visual com minha designer particular, e se ficar tão bonita quanto a garota, sem dúvidas o blog será um sucesso. E agora chega de um longo parágrafo introdutório e vamos ao conteúdo).


[Começo do Post]


Comer todos os dias no Mc Donald’s seria ótimo. Mas infelizmente, essa não é a realidade social do país. A maior parte dos trabalhadores assalariados que se vêem na rua ao meio-dia, e não tem nada decente pra comer, corre para uma variante gastronômica um pouco diferente dos fast-food: os self-service. A idéia é basicamente a mesma: colocar no estômago algo rápido e barato chamando aquilo de refeição. A diferença é que enquanto os fast-food são limitados e repetitivos, os self-service propiciam uma perigosa variação de elementos culinários. Pode parecer legal, mas uma coisa é fato: mais opções, mais riscos. Além disso, ao invés de uma atendente sorridente, os self-service geralmente propiciam uma vasta fila de trabalhadores esfomeados pegando todas as batatas fritas antes de você.


Foi pensando nesse problema que decidi escrever um Guia de Sobrevivência aos Self-Service. Algo como o Guia de Sobrevivência aos Zumbis misturado com o guia de melhores restaurantes da cidade da Veja. A idéia é garantir dicas praticas àqueles que sofrem diariamente com a comida a quilo. Hoje eu não mais sofro com isso, mas já passei anos nessa vida, observando atentamente aos detalhes. Não é assunto só pra um post, então irei criar um marcador especial para esse conteúdo. Nesse primeiro, irei abordar o básico. Mais tarde irei falar sobre comidas especificas, tipos de self-service, etiqueta e tudo mais.


Tudo se transforma


Os self-service são como a natureza: nada é desperdiçado. Isso vale para o bife de ontem, que virou a carne fatiada de hoje e será algo flutuando no feijão de amanhã. Algumas pessoas podem não se importar com a idade real da sua comida, afinal, qual o problema de ingerir algo não-fresco, se estiver quentinho? Mas para aqueles (como eu), que querem acreditar que sua comida foi feita nas ultimas horas, existem algumas dicas que ajudam a manutenção dessa ilusão:


-Nada de empanados: coisinhas empanadas em self-service podem parecer extremamente atraentes por fora, mas é bem arriscado comer algo que esconde sua real identidade. É como namorar uma pessoa mentirosa e falsa, e como fica claro por todos “abouts” do Orkut, ninguém gosta de pessoas falsas, nem mesmo as pessoas falsas. O mesmo vale para empanados de self-service. Morder algo assim é uma loteria, e o recheio pode ser qualquer coisa – mesmo – que não fez sucesso na semana anterior. Uma vez, há muitos anos, desrespeitei essa regra para pegar um empanado de algo que dizia ser frango em um restaurante que comi todos os dias (felizmente ele não existe mais). Era bem bonito por fora, mas na primeira mordida senti o gosto de algo frio, com um molho levemente azedo e consistência semelhante a um tufo de cabelos. E não eram cabelos, mas sim o frango desfiado com molho picante de sexta-feira (raise dead nele). E estávamos na quarta. Eu me lembrava um pouco do gosto por que tinha experimentado ele “novo”, apesar de com certeza ele já havia sido um frango grelhado um dia.


Se por algum acaso existir uma identificação no empanado, dá pra tentar arriscar coisas com recheio de “presunto” ou “queijo”, que não são servidos sozinhos nesses restaurantes. Ainda é algo reservado àqueles de grande coragem e valor, pois nunca dá pra saber o que esperar dos Chefs de self-service em relação aos empanados.


- Atenção com arroz e feijão “temperados”: Um tipo peculiar de comida dos self-service, são aqueles arrozes e feijões etiquetados como “temperados” ou algo parecido. Esse tipo de comida pode ser classificado como “S.O.S.” (Sobras de Ontem Sortidas), e não são algo realmente recomendável. Mas pode ser que as vezes, seja uma boa opção para tentar experimentar novos sabores, já que arroz e feijão de self-service costuma ter gosto de nada. Não é algo tão arriscado quanto os empanados, pois um exame visual e um pouco de semiótica podem identificar claramente as ameaças presentes.


No caso do arroz, é bom dar uma remexida para ver os ingredientes presentes na mistura. Inicialmente, conte os fragmentos alimentícios do produto. Comer um arroz com mais de 9 tipos de sobras é algo perigoso, principalmente se a variação do tamanho dos pedaços for grande. Depois, confira o que daqueles ingredientes está sendo oferecido pelo restaurante hoje. Essa fórmula permite a identificação de o que provavelmente está sendo reutilizado pelo estabelecimento. Pessoas com boa memória, que comam sempre no mesmo lugar, podem também tentar achar algum prato dos últimos dias na mistura. A principal atenção é nas carnes. Mais uma vez, coisas como presunto, que não costumam estar dentre as opções cotidianas do local, são positivas.


No caso do feijão, a idéia é tentar fazer o mesmo, mas como nunca dá pra saber exatamente o que está flutuando naquilo, se forem identificados mais de três tipos de pedaços no caldo, é melhor dispensar de uma vez. Também é legal um exame de densidade, remexendo a colher para ver se o feijão é muito grosso, o que detectar também restos de comida que foram parar no fundo.


É importante ressaltar que mesmo o feijão e o arroz podem ser de dias passados. Mas como isso vale pra tudo no restaurante, nem faz tanta diferença assim.


- Massas para que?: Lasagna, Rondelli e Ravioli sem dúvidas são bons pratos, mas não se engane que as massas de self-services serão gostosas, mesmo se parecer bastante. Comer massas requintadas em um restaurante não-especializado (os especializados ficam para outro post) é um risco desnecessário. O risco é o mesmo de um empanado, e além de tudo, elas costumam pesar bastante, tanto na balança do restaurante quanto na questão nutricional.


Uma dica para quem quiser arriscar massas é sempre comer sabores de queijo ou presunto, e evitar ao máximo recheios de bolonhesa (carne moída é o fim da linha) e frango desfiado. De qualquer forma, são raras as vezes em que pegar massas valerá a pena.


-Concentre nos básicos: Ao comer em um self-service genérico, o melhor a ser feito é não arriscar e comer a matéria-prima: arroz e feijão comuns, uma carne grelhada, uma salada básica e talvez batatas fritas ou um ovo. É claro que comendo muitas vezes no mesmo lugar dá para tentar arriscar coisas novas, isso depende muito da familiaridade de confiabilidade do lugar. No mais, uma postura conservadora é uma boa atitude ao conhecer um novo self-service.


sexta-feira, 6 de julho de 2007

Parte II


Tudo bem, eu menti. Não postei amanhã, nem depois de amanhã, mas postei hoje, e é isso que importa. Seguindo a história:

Acordei as seis no quarto do hotel, e abandonei de uma vez por todas aquelas paredes imundas. Tomei um café da manhã mais ou menos e peguei o metrô, troquei a linha, peguei o trem, que demorou muito para sair, e cheguei até o tal bairro Ipiranga. Estava carregando uma mala que pesava uns 40 quilos ou mais, e minha mochila com trocentas coisas caras. E o quimono. E eu tinha menos de 10 reais na carteira. Depois de andar muito até o Sesc, treinei, foi ótimo e pedi pra alguém do aikido levar meu quimono embora. Enfrentei uma estranha resistência, mas minha insistência foi maior e consegui despachar meu quimono ipara BH, me livrando de alguns quilos de bagagem. Trombei com o salva-vidas do cadeado, e ele me pagou, curiosamente ele não estava agindo de má fé, pediu desculpas e tal. Depois fui procurar o metrô mais próximo, o tal Alto do Ipiranga que inaugurou no dia anterior. As pessoas na rua não sabiam onde era direito, e me mandaram pra estação Imigrantes. Andei uns quatro quilômetros com malas super pesadas, até que um encontro aleatório me salvou: estava em uma avenida quando perguntei para um velho onde era a estação de metrô mais próxima. Ele me indicou onde era, e perguntou:

- Você vai carregando isso sozinho?

- Vou

- Eu te ajudo ora, até pelo menos uma parte do caminho – estranhei isso, pois ele vinha do lado oposto.

- Mas você estava vindo do lado oposto! Não precisa!

- Eu insisto. Acho que te encontrar aqui foi um sinal, vim de um lugar que eu não queria voltar mas agora vou voltar.

Bom, então tá John Locke, me ajude. O senhor andou carregando a mala pesadíssima por muitos e muitos metros até chegar bem perto do metrô. Troquei a linha e fui até o bairro da Liberdade pra feirinha de comida oriental-baiana que tem lá. Cheguei na estação e vi que estava lotado. Peguei o metrô de volta até a estação Tietê, que é a rodoviária, e deixei todas minhas coisas em um guarda-volumes. Uma coisa bem curiosa mesmo, tem um guarda-volumes manual e um automático, o manual chama “guarda-volumes manual”. O automático chama “Malex”. Malex? Mala+ex? vai entender. Deixei minhas coisas, peguei dinheiro e fui comer. Já era tipo 14hs. Desci na “praça da liberdade” que é cheia de mendigos e adolescentes esquisitinhos. Cheguei na barraca do gyoza e peguei uma senha: 872 (eu anotei, ok?). Perguntei em que número estava. Estava no 722 (eu acho). Saí pra um passeio, tomei um suco ótimo de acerola, comprei um bifum, macarrão de arroz, que estava horrível. Procurei um mendigo para dar de presente, mas de repente eles sumiram da praça. Andei muito até achar um mendigo, que quase não aceitou o treco. Voltei pra barraca de gyoza: 841. Fui tomar outro suco.

Quando chegou minha vez, comprei dois gyozas e estava morrendo de fome. Fui comendo no caminho do metrô. Dois mendigos me pediram um pouco, e eu recusei. É a vida. Havia combinado de encontrar com o Bruno na paulista para pegar meu PC novo, mas só as 18h45min. Ainda eram tipo 15h45min. Entrei no metrô, e a sola do meu pé já doía de tanto andar. Vi um cartaz de uma tal 12² Comix Fest. Nem sabia o que era, mas era perto da paulista. Fui lá.



Era fantástico: no mesmo lugar imenso onde havia sido o seminário de aikido do Ueshiba no ano anterior, tinha uma feira gigantesca com trocentos quadrinhos em promoção. E eu cheguei nas ultimas horas do treco, e ainda tinha muita, muita coisa. Tipo toda coleção dos invisíveis, todos mangás que já saíram por aqui nos últimos tempos, todos aqueles bonequinhos do McFarlane caríssimos com 50% de desconto (continuava caro). Aquelas carruagens de Mage Knight que custavam tipo 200 reais na leitura por 20. Entre outras coisas. Gastei 90 reais que era tudo que eu tinha, basicamente. Depois assisti a uma palestra sobre a vida do pessoal que faz Cosplay. O lugar fechou. Andei até a estação de metrô. Não tinha nada pra fazer, estava ficando frio a sola dos meus pés doía. O joelho também. Ajudei uma senhora a carregar umas malas, e sentei em um ponto de ônibus pra ler quadrinhos. Pararam três senhoras em momentos distintos com a mesma pergunta: “Menino, você não está sentindo frio?”. Fiquei com frio depois disso. Comecei a dar voltas, mas meu corpo doía. Vi então um prédio antigo, aberto ao público. Achei que podia ser um museu. Era uma igreja. Tinha esquecido que existiam essas coisas. Por que o cachorro entrou na igreja? Por que estava frio e opressor lá fora. Já eram 18h30min, e estava começando uma missa. Liguei pro Bruno e ele ia atrasar. Assisti a missa toda, participei mesmo. Quando eu estava no programa do Groisman, foi como uma missa: só levantava e sentava na hora certa. Só que agora a sensação de anônimo na multidão me deixou animado, e participei mesmo. Quando estava em BH, minha mãe me disse pra procurar uma igreja lá e rezar, nem lembrava disso. A igreja me encontrou. Um sinal? Deixa isso pro Mr. Locke. O fato é que a religião católica me deu abrigo, e foi bom. Saí de lá e fui em um sebo maluco que era um túnel embaixo da avenida. Depois peguei meu PC com o Bruno.

Carregando o PC, e uma sacola com o mouse e o teclado, fui até o metrô, troquei de linha, fui até a rodoviária, comprei passagem pro ônibus que estava saindo para Campinas. A sacola do mouse e teclado arrebentou. Corri até o Malex, peguei minhas coisas e corri, carregando mochila, PC e mala super pesada. Fui o último a entrar no ônibus, mas consegui um bom lugar. Cheguei em Capminas as 23hs, e mal saí de casa no resto da semana.

E bom, imagino que a maior parte das pessoas não quis ler tudo isso. No próximo post... mais gastronomia pop!

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Sobrevivência Urbana

Nesse presente momento estou debaixo de cobertores quentinhos, deitado em um sofá cama super macio, com todos confortos que a vida moderna é capaz de oferecer, incluindo um PSP, um Nintendo DS, um mouse sem fio e sorvete Kibon. Mas o fato é que os meus últimos não sei quantos dias foram um massacre, e meu novo post será um relato fiel dramatizado da minha saga “na mais rica metrópole/ e suas várias contradições”. Esse primeiro momento é tranqüilo e até meio chato, então quem não quiser ler e perder tempo com minha vida tola...

Resolvi vir a São Paulo para: ir em um seminário de Aikido, visitar minha prima Mariana e ir no encontro de RPG. Pensei em vir de avião, mas desanimei por conta de atrasos e tudo mais. Aí que me veio a oportunidade: o pessoal do D.A. da minha querida namorada resolveu fazer uma excursão para Sampa com a intenção de participar de platéia do aniversário do Serginho Groisman do Altas Horas. Uma ótima oportunidade de passear com minha garota. Sai de BH 1h de sexta-feira, dia 29, e cheguei por volta de meio-dia lá. Almoçamos no Shopping (mcd pra variar) e fomos pro tal programa, que eu nunca havia visto na vida. Ficamos altas horas esperando começar, e apesar de um pouco chato, eu até me diverti um bocado, muito mais por que estava com a Ló do que por qualquer outra coisa. O mesmo vale para a viagem que foi embalada por sons sertanejos, mas só de ter passado horas com minha garota, valeu a pena.


Depois de tudo isso, começou a saga pra valer. Peguei um táxi na sede da globo e pedi pra ele me levar ao hotel. O cara era muito gente boa, e dei minha maça que veio no lanche da globo pra ele. Quando chegamos no Hotel Stela, ele disse que não ia cobrar os 40 reais do taxímetro, e só 30, que é o que eu falei que estava disposto a pagar anteriormente. Insisti por educação, mas no final ser legal e uma maça me renderam 10 reais a mais no orçamento. Fiquei com uns 80 mangos na carteira essa hora. Cheguei no Hotel, e o quarto era bem ruinzinho, super apertado, banheiro meio tosco, privada do tipo de puxar de cordinha e não tinha nem mesmo uma bíblia na mesa de cabeceira: tinha um “A Doutrina de Buda”. Os cristãos fazem hotéis melhores. Mas tinha internet. Dormi as 22hs.


Acordei as 7hs e fui pro metrô. Ia pra estação Alto do Ipiranga, “perto” do Sesc Ipiranga, mas ela só inaugurava na tarde do mesmo dia. Voltei, troquei pra linha azul, troquei para o trem e desci na estação Ipiranga mesmo. Andei um tantão e cheguei no evento umas 10hs. Por sorte tudo atrasou por lá e eu cheguei na hora certa. Comprei um cadeado com um salva-vidas de piscina. Depois do treino da manhã fui almoçar e o cadeado estragou, estava enferrujado. O cara do vestiário arrombou o armário pra mim e na seqüência gastei uns 20 reais comendo. Voltei pro aikido, dormi numa grama do Sesc, treinei a tarde e fui pro hotel meiando táxi com o pessoal da academia. Gastei 7 reais. Comi numa padaria a noite, e gastei mais 12 reais. Tentei assistir ao Altas Horas, mas dormi no meio. Nunca consegui ver um Virtualis, o programa que eu fazia na PUC TV, inteiro, por que ele era meio chato e passava em horários ruins. O Altas horas tem o mesmo defeito. Fui dormir as 3, e acordei as 6h. O dia seguinte foi tão estranho e complexo, que vou contar amanhã!

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Análise: cardápio do Shrek do Mc Donalds


...Nesses últimos dias, comi bastante daquele rango medíocre do mcd, e como sei que a maior parte dos meus amigos e colegas não gostam nem de por os pés lá, decidi compartilhar em meu blog uma breve análise gastronômica das novas opções. Vocês podem me criticar por eu estar detonando minha saúde, mas como treino aikido quase todo dia, peso 75 Kg, tenho percentual de gordura de 12% e não bebo refrigerantes e álcool, nem fumo nada, posso me dar ao luxo de não pensar em equilibrar minha alimentação. Ou não.

Sem maiores enrolações, segue as novidades que o ogre verdão trouxe para a lanchonete mais odiada do mundo:


Super Cheddar Pepperoni

Com um nome tão fantástico como esse, o mcd não precisava nem tentar fazer algo gostoso que eu iria comprar. E eles fizeram isso mesmo. Quando eu li Cheddar... Pepperoni.. SUPER, fui instantaneamente atraído. Pô, Super! Tipo Super Mario, Super Nintendo... E Cheddar é muito bom, assim como Pepperoni, então imaginei que nada saído dessa mistura seria ruim. E é um hambúrguer bem grande, daqueles que vem naquelas caixas maiores (que são grandes o bastante para o lanche sambar lá dentro e chegar todo avacalhado para o consumidor final). 10 para a apresentação dele. Mas acontece que assim como a esfiha de cheddar com pepperoni do habib’s e B.M.T. com cheddar no Subway já haviam mostrado, a combinação dos dois ingredientes é gostosa só no nome. Não chega a ser uma mistura tipo sorvete com batatas fritas (duas coisas gostosas que não dão certo juntas mesmo), mas a verdade é que cheddar e pepperoni são mais gostosos separados.

E o resto do sanduíche também não ajuda. O tomate até que fica bom, mas a cebola avacalha muito a degustação do resto do Super. Tive a oportunidade de comer duas variações do rango, uma com cebola e outra sem cebola, e devo dizer que nesse caso é melhor pedir sem cebola (bom pro glauco). O queijo emmenthal ficou gostoso, e até me espanta que o nome não é algo como Super Cheddar Pepperoni com Emmenthal, mas fazer o que...

No final das contas, o sanduíche é bem mediano, e pelo preço da promoção dele (14R$), dá pra ir no eddie e comer algo mais decente. Até enche bem para o padrão Mc Donald’s, mas vai ser preciso muito cheddar com pepperoni para isso virar uma refeição de verdade. Segundo a publicidade oficial do mcd, ele tem “Muita energia para viver as maiores aventuras!”, o que deve ser caloria pra burro.

Não achei, nem procurei muito bem as calorias dessa verdadeira morte lenta, mas considerando que o Big Tasty, que vem com queijo, tomate, alface, cebola e “um molho muito especial” tem o mesmo tipo de hambúrguer, e perfaz umas 850 calorias, a substituição do alface por muito pepperoni, cheddar e emmenthal deve subir um pouco essa conta. Juntando as batatas e a Mc Limonada, a conclusão é que além dessa promoção, uma pessoa só pode comer mais umas cenouras e caquis no resto do dia para se manter em uma dieta “normal”.

Nota: 6/10

Veggie Crispy

Os vegetarianos nunca foram muito fãs do Mc Donald’s, e eu não sei se um rango com o nome tão engraçado vai ser o bastante para redimir a multinacional com a galera que não come carne. Até acho que os menos politizados vão arriscar comer, mas a maior parte dos vegetarianos de verdade não deve querer encher os bolsos de uma companhia que promove um verdadeiro massacre de animais todos os dias. Como não ligo muito pra nada disso, provei outro dia e achei o rango muito bom. Vale a pena até recitar a receita: um empanado de vegetais, que é bom de verdade (não quero mesmo saber o que tem dentro), um molho “blanc” (também não quero saber o que é), tomate e um pão de grãos. A combinação fez um sanduíche bom de verdade, um dos poucos assim no mcd.

Mas como nada pode ser bom de verdade nessa lanchonete, o sabor do Veggie é compensado pelo seu preço desonesto e por ser o rango mais miúdo que eu já comi na minha vida. Acho que até mesmo o McDuplo alimenta mais que esse, na verdade, é possível que dois veggies encham tanto quanto um McDuplo. Não é nem um pouco recomendável pra quem come muito, e ninguém deveria encarar o Veggie como um almoço de verdade. Nem mesmo com batatinhas.

Nota: 7/10

Magic McFlurry e Sobremesa Encantada

Esses dois são basicamente a mesma coisa, só que enquanto o McFlurry vem com tudo misturado por uma batedeira bem mágica, a Sobremesa Encantada reserva ao consumidor o trabalho de misturar tudo com as mãos nuas. Um encanto. Os ingredientes são: sorvete de creme, calda de maça verde e confeitos do pântano, que apesar do nome, não passar de uns flocos de arroz esverdeados, parecidos com o cereal do Crunch. A calda de maça verde, como foi bem apontado por minha bela garota, é muito boa mesmo. Eu acho que uma das melhores coisas que provei nos últimos dias, se bobear. E funciona muito bem quando está misturada com o sorvete gostoso mas meio sem gosto do mcd. Os confeitos do pântano são um detalhe, bom pra quem gosta de mastigar alguma coisa na sobremesa. E sei lá se alguém gosta mesmo disso.

Nota: 8/10

Molho Lemon Pepper

Esse nem eu tive a coragem de experimentar. Se alguém comeu, por favor comente sua opinião aí!

Bônus: GrandGateau

O senso de humor do mcd nunca foi muito apurado, mas dessa vez eles se superaram. O bolo com sorvete do Mc Donald’s é com certeza uma das piores coisas que já comi, lado a lado com o ovo em conserva. Visualmente é aquele mesmo sorvete de tudo do Mc Donald’s, com uma calda de chocolate e um brownie, que nesse caso é o bolo mais picareta que eu já comi: mesmo com muito sorvete, o brownie é tão seco que mesmo com muito sorvete lubrificante fica difícil jogar ele garganta abaixo, tem que ter muita força de vontade mesmo.

Já a calda de chocolate consegue ser o pior: é algo extremamente doce, tipo mel mesmo, e é uma das poucas coisas no mcd que vem em quantias generosas, provavelmente só de sacanagem mesmo. A lição sobre os Gateaus é que os pequenos definitivamente superam os Grands (argh).

Nota: 0/10

Bônus 2: Batalha Naval

A lâmina de bandeja do Shrek, aquele papel que costuma vir com curiosidades e inutilidades diversas, dessa vez veio com algo realmente interessante: uma grade para jogar batalha naval com as batatinhas! Pode até não ser a intenção original dos criadores, mas é só usar as caixinhas dos hambúrgueres como escudo, e um molho para anotações improtantes, que fica fácil ter algo divertido pra fazer durante as refeições.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Isso um dia será um blog

Mas por enquanto é só um espaço com pretensões.