sexta-feira, 6 de julho de 2007

Parte II


Tudo bem, eu menti. Não postei amanhã, nem depois de amanhã, mas postei hoje, e é isso que importa. Seguindo a história:

Acordei as seis no quarto do hotel, e abandonei de uma vez por todas aquelas paredes imundas. Tomei um café da manhã mais ou menos e peguei o metrô, troquei a linha, peguei o trem, que demorou muito para sair, e cheguei até o tal bairro Ipiranga. Estava carregando uma mala que pesava uns 40 quilos ou mais, e minha mochila com trocentas coisas caras. E o quimono. E eu tinha menos de 10 reais na carteira. Depois de andar muito até o Sesc, treinei, foi ótimo e pedi pra alguém do aikido levar meu quimono embora. Enfrentei uma estranha resistência, mas minha insistência foi maior e consegui despachar meu quimono ipara BH, me livrando de alguns quilos de bagagem. Trombei com o salva-vidas do cadeado, e ele me pagou, curiosamente ele não estava agindo de má fé, pediu desculpas e tal. Depois fui procurar o metrô mais próximo, o tal Alto do Ipiranga que inaugurou no dia anterior. As pessoas na rua não sabiam onde era direito, e me mandaram pra estação Imigrantes. Andei uns quatro quilômetros com malas super pesadas, até que um encontro aleatório me salvou: estava em uma avenida quando perguntei para um velho onde era a estação de metrô mais próxima. Ele me indicou onde era, e perguntou:

- Você vai carregando isso sozinho?

- Vou

- Eu te ajudo ora, até pelo menos uma parte do caminho – estranhei isso, pois ele vinha do lado oposto.

- Mas você estava vindo do lado oposto! Não precisa!

- Eu insisto. Acho que te encontrar aqui foi um sinal, vim de um lugar que eu não queria voltar mas agora vou voltar.

Bom, então tá John Locke, me ajude. O senhor andou carregando a mala pesadíssima por muitos e muitos metros até chegar bem perto do metrô. Troquei a linha e fui até o bairro da Liberdade pra feirinha de comida oriental-baiana que tem lá. Cheguei na estação e vi que estava lotado. Peguei o metrô de volta até a estação Tietê, que é a rodoviária, e deixei todas minhas coisas em um guarda-volumes. Uma coisa bem curiosa mesmo, tem um guarda-volumes manual e um automático, o manual chama “guarda-volumes manual”. O automático chama “Malex”. Malex? Mala+ex? vai entender. Deixei minhas coisas, peguei dinheiro e fui comer. Já era tipo 14hs. Desci na “praça da liberdade” que é cheia de mendigos e adolescentes esquisitinhos. Cheguei na barraca do gyoza e peguei uma senha: 872 (eu anotei, ok?). Perguntei em que número estava. Estava no 722 (eu acho). Saí pra um passeio, tomei um suco ótimo de acerola, comprei um bifum, macarrão de arroz, que estava horrível. Procurei um mendigo para dar de presente, mas de repente eles sumiram da praça. Andei muito até achar um mendigo, que quase não aceitou o treco. Voltei pra barraca de gyoza: 841. Fui tomar outro suco.

Quando chegou minha vez, comprei dois gyozas e estava morrendo de fome. Fui comendo no caminho do metrô. Dois mendigos me pediram um pouco, e eu recusei. É a vida. Havia combinado de encontrar com o Bruno na paulista para pegar meu PC novo, mas só as 18h45min. Ainda eram tipo 15h45min. Entrei no metrô, e a sola do meu pé já doía de tanto andar. Vi um cartaz de uma tal 12² Comix Fest. Nem sabia o que era, mas era perto da paulista. Fui lá.



Era fantástico: no mesmo lugar imenso onde havia sido o seminário de aikido do Ueshiba no ano anterior, tinha uma feira gigantesca com trocentos quadrinhos em promoção. E eu cheguei nas ultimas horas do treco, e ainda tinha muita, muita coisa. Tipo toda coleção dos invisíveis, todos mangás que já saíram por aqui nos últimos tempos, todos aqueles bonequinhos do McFarlane caríssimos com 50% de desconto (continuava caro). Aquelas carruagens de Mage Knight que custavam tipo 200 reais na leitura por 20. Entre outras coisas. Gastei 90 reais que era tudo que eu tinha, basicamente. Depois assisti a uma palestra sobre a vida do pessoal que faz Cosplay. O lugar fechou. Andei até a estação de metrô. Não tinha nada pra fazer, estava ficando frio a sola dos meus pés doía. O joelho também. Ajudei uma senhora a carregar umas malas, e sentei em um ponto de ônibus pra ler quadrinhos. Pararam três senhoras em momentos distintos com a mesma pergunta: “Menino, você não está sentindo frio?”. Fiquei com frio depois disso. Comecei a dar voltas, mas meu corpo doía. Vi então um prédio antigo, aberto ao público. Achei que podia ser um museu. Era uma igreja. Tinha esquecido que existiam essas coisas. Por que o cachorro entrou na igreja? Por que estava frio e opressor lá fora. Já eram 18h30min, e estava começando uma missa. Liguei pro Bruno e ele ia atrasar. Assisti a missa toda, participei mesmo. Quando eu estava no programa do Groisman, foi como uma missa: só levantava e sentava na hora certa. Só que agora a sensação de anônimo na multidão me deixou animado, e participei mesmo. Quando estava em BH, minha mãe me disse pra procurar uma igreja lá e rezar, nem lembrava disso. A igreja me encontrou. Um sinal? Deixa isso pro Mr. Locke. O fato é que a religião católica me deu abrigo, e foi bom. Saí de lá e fui em um sebo maluco que era um túnel embaixo da avenida. Depois peguei meu PC com o Bruno.

Carregando o PC, e uma sacola com o mouse e o teclado, fui até o metrô, troquei de linha, fui até a rodoviária, comprei passagem pro ônibus que estava saindo para Campinas. A sacola do mouse e teclado arrebentou. Corri até o Malex, peguei minhas coisas e corri, carregando mochila, PC e mala super pesada. Fui o último a entrar no ônibus, mas consegui um bom lugar. Cheguei em Capminas as 23hs, e mal saí de casa no resto da semana.

E bom, imagino que a maior parte das pessoas não quis ler tudo isso. No próximo post... mais gastronomia pop!

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Sobrevivência Urbana

Nesse presente momento estou debaixo de cobertores quentinhos, deitado em um sofá cama super macio, com todos confortos que a vida moderna é capaz de oferecer, incluindo um PSP, um Nintendo DS, um mouse sem fio e sorvete Kibon. Mas o fato é que os meus últimos não sei quantos dias foram um massacre, e meu novo post será um relato fiel dramatizado da minha saga “na mais rica metrópole/ e suas várias contradições”. Esse primeiro momento é tranqüilo e até meio chato, então quem não quiser ler e perder tempo com minha vida tola...

Resolvi vir a São Paulo para: ir em um seminário de Aikido, visitar minha prima Mariana e ir no encontro de RPG. Pensei em vir de avião, mas desanimei por conta de atrasos e tudo mais. Aí que me veio a oportunidade: o pessoal do D.A. da minha querida namorada resolveu fazer uma excursão para Sampa com a intenção de participar de platéia do aniversário do Serginho Groisman do Altas Horas. Uma ótima oportunidade de passear com minha garota. Sai de BH 1h de sexta-feira, dia 29, e cheguei por volta de meio-dia lá. Almoçamos no Shopping (mcd pra variar) e fomos pro tal programa, que eu nunca havia visto na vida. Ficamos altas horas esperando começar, e apesar de um pouco chato, eu até me diverti um bocado, muito mais por que estava com a Ló do que por qualquer outra coisa. O mesmo vale para a viagem que foi embalada por sons sertanejos, mas só de ter passado horas com minha garota, valeu a pena.


Depois de tudo isso, começou a saga pra valer. Peguei um táxi na sede da globo e pedi pra ele me levar ao hotel. O cara era muito gente boa, e dei minha maça que veio no lanche da globo pra ele. Quando chegamos no Hotel Stela, ele disse que não ia cobrar os 40 reais do taxímetro, e só 30, que é o que eu falei que estava disposto a pagar anteriormente. Insisti por educação, mas no final ser legal e uma maça me renderam 10 reais a mais no orçamento. Fiquei com uns 80 mangos na carteira essa hora. Cheguei no Hotel, e o quarto era bem ruinzinho, super apertado, banheiro meio tosco, privada do tipo de puxar de cordinha e não tinha nem mesmo uma bíblia na mesa de cabeceira: tinha um “A Doutrina de Buda”. Os cristãos fazem hotéis melhores. Mas tinha internet. Dormi as 22hs.


Acordei as 7hs e fui pro metrô. Ia pra estação Alto do Ipiranga, “perto” do Sesc Ipiranga, mas ela só inaugurava na tarde do mesmo dia. Voltei, troquei pra linha azul, troquei para o trem e desci na estação Ipiranga mesmo. Andei um tantão e cheguei no evento umas 10hs. Por sorte tudo atrasou por lá e eu cheguei na hora certa. Comprei um cadeado com um salva-vidas de piscina. Depois do treino da manhã fui almoçar e o cadeado estragou, estava enferrujado. O cara do vestiário arrombou o armário pra mim e na seqüência gastei uns 20 reais comendo. Voltei pro aikido, dormi numa grama do Sesc, treinei a tarde e fui pro hotel meiando táxi com o pessoal da academia. Gastei 7 reais. Comi numa padaria a noite, e gastei mais 12 reais. Tentei assistir ao Altas Horas, mas dormi no meio. Nunca consegui ver um Virtualis, o programa que eu fazia na PUC TV, inteiro, por que ele era meio chato e passava em horários ruins. O Altas horas tem o mesmo defeito. Fui dormir as 3, e acordei as 6h. O dia seguinte foi tão estranho e complexo, que vou contar amanhã!