terça-feira, 28 de agosto de 2007

Um robô. Por que não?


[Cuidado! Esse post pode ser técnico, esquisito e nerd demais para alguns]

Uma vez na escola disse para meus colegas que havia construído um robô, mas era mentira. Mas eu queria ter construído um robô. Via aqueles programas de guerra de robôs (sim, ainda tinha TV em casa naquele tempo!), e pensava que deveria ser bem fácil montar algum desses. Não eram robôs minuciosos como os replicantes de Blade Runner. Eram coisas mais simples que o R2D2 de Star Wars. Parecia mais fácil de montar do que o Lego dos piratas.


Hoje, estou aceitando cada vez mais a realidade, e tudo mudou. Minha percepção das coisas é bem diferente da que eu tinha na minha infância, e percebo que o mundo não é tão fácil quanto parecia ser. Nunca foi fácil. Mas os robôs, sinceramente, não parecem tão difíceis assim. Então decidi que eu quero um robô. E não quero aqueles cachorros sem graça da Sony, e não quero comprar nada pronto. Eu quero fazer o meu robô, ora bolas!


O básico


Seria um Modelo R2 como esse ai, mas ao invés da superfície retrô clássica, imagino ele revestido de células fotovoltaicas (seria uma parte cara) para garantir uma fonte secundária de energia ao robô, mas para carregar as baterias ele também poderia usar a velha e boa tomada. A movimentação seria garantida por motores simples, um para cada perna.


A idéia é que o robô tenha uma inteligência artificial, que ele saiba se movimentar sozinho. Para isso, seria importante um GPS, para ele traçar mapas dos lugares, sensores de proximidade que garantam que ele não saia trombando nas coisas, e também uma leve aleatoriedade para que ele se movimente de forma natural. Possivelmente nada mais complexo que uma I.A. de monstro de videogames.


Sobre a utilidade do robô, pensei no básico: além de ser autônomo, ele poderia ter um compartimento que seria uma pequena geladeira. Não algo com um sistema de refrigeração real, e sim um compartimento de plástico isolante com muito gelo e algumas bebidas, como água de coco e suco de acerola. O gelo que derretesse desceria para um pequeno ralo nesse compartimento, e seria usado para ajudar a refrigeração do robô. É importante então que essa geladeira fique em um lugar alto. Por fim, a água seria “mijada”. Para evitar constrangimentos, o robô deve ter uma programação que permita que o mesmo só libere os resíduos em locais apropriados.


O Controle Remoto


Como o R2 se movimentará sozinho, o controle do mesmo servirá para ajustes na programação, como definir um lugar na casa para o robô mijar, um lugar para tomar sol, e acionar funções extras. O controle também pode ser usado para chamar o robô, mas também deve ser possível chamar o robô por voz, gritando “ar-tchú!”. Outra função interessante seria um modo passeio, em que o robô não saísse de perto do controle remoto, possibilitando que o R2 acompanhe seu dono em caminhadas como um cão bem treinado, realizando apenas alguns movimentos aleatórios. No resto do dia, ele pode andar pela casa aspirando o pó, como aqueles robôs bacanas que eu nunca vi, mas sei que existem.


Extras


O R2 deve saber tocar mp3. Hoje em dia todo tipo de aparelho toca MP3, mesmo os que não deveriam. Para isso, ele deve ter algumas caixas de som, que também servem para emitir o assobio clássico do robô. O R2 também contará com 2 drives de CD, e um leitor de DVD/Gravador de CD. Entradas para cartões SD, disquete, disquetão, e fita K7 também estariam disponíveis, por comodidade. O R2 deve contar com conexões sem fio Wi-Fi, Bluetooth e infravermelho. Muitas baterias de carro também estão previstas, para muito tempo de energia. Um relógio também seria legal, com despertador. O R2 poderia ser programado para entrar no quarto de seu dono todas as manhas como uma música de acordar, em uma hora pré-definida.


Ele também deveria carregar pilhas, celulares, PSPs e DSs. E para controlar tudo isso, quatro PCs da década passada estariam dentro dele, com seus HDs somando menos de 200 GB, o que faria do R2 um HD portátil bem grande em espaço físico e pequeno em espaço virtual, também. E é claro, existirão muitas e muitas entradas USB. E uma câmera digital, que poderia ser usada tanto para filmar quanto para fotografar (hoje tudo tira fotos digitais!). E seria legal que o R2 tirasse fotos aleatórias às vezes.


Procurando imagens para ilustrar esse Post, achei um pessoal que fez um projetor no formato do R2D2. Seria um legal um projetor de imagens para esse R2 também, ainda que seja algo bem caro.


Material & Pessoal


Tenho um bocado de lixo tecnológico aqui em casa (4 PCs, pilhas, três celulares tipo Startac, gravadores de fita, drives de CD...) e acho que tudo isso, mais alguns componentes essenciais, seria o suficiente para montar o robô. Também ia precisar de ajuda, de pessoas realmente competentes e dedicadas. Eu pensei em chamar o Leopoldo, que entende dessas coisas, O Fábio “Mendigo” Mindingo “Santos” Faria, que é super talentoso, alguém que saiba programação e o João, Glauco, Arthur, Lucão, Fábio, toda essa turma que anima passar o tempo com algo absolutamente inútil e insano.


Para que um robô?


Além das funções já citadas, um robô também é interessante para chamar atenção na rua, causar inveja em fãs de Star Wars, guardar dados de forma estilosa e perder dinheiro e tempo com algo inútil, mas muito legal.


terça-feira, 21 de agosto de 2007

Dicas de segurança

Por motivos pessoais não cumpri a meta dos posts semana passada. Mas por motivos pessoais acredito que vou cumprir nessa semana. Ou não.


Enfim, queria relembrar algo que me ocorreu na sexta-feira retrasada. O grande Pedro Grossi me fez um convite irrecusável para uma peça de teatro com atores famosos de novela (Petrônio Gontijo e Maria Fernanda Cândido), chamada Pequenos Crimes Conjugais. Apesar de um enredo interessante, e supostamente, atores profissionais, lá pro meio já estava achando um bocado chato. Fui assistir ao espetáculo junto da garota mais interessante que eu já conheci (minha Lorena), e do Mr. Grossi, e parece que minhas companhias gostaram muito mais do que eu. Pode ser que eu não tenha o refinamento necessário para gostar de um bom teatro, mas tudo bem. Afinal, quando decidi montar esse blog, não pensei em resenhar peças e coisas assim (pseudocultural até demais). Prefiro outro tipo de resenha.


Pois bem, após deixar todas minhas companhias em casa, voltei para a minha, entrei na garagem, e me dei conta que havia esquecido a chave. Toquei a campainha mas ninguém estava, então liguei pro celular do meu irmão, que estava tomando milk shakes com sua garota em um canto da cidade. Sem nada que pudesse fazer senão esperá-lo, sentei no carro e fui ouvir um disco arranhado cheio de MP3s que fizeram sucesso (pra mim) em 2002. Chateei-me rapidamente.


Pensei em fazer algo útil. Pensei em fazer algo inútil. Pensei até em postar no blog. Mas sozinho, de madrugada, na garagem do prédio, não poderia fazer nada disso. Pensei então em situações hipotéticas, como as que eu discutia com o Fábio nos tempos de escola enquanto dávamos voltas, subindo e descendo as escadas do pátio coberto. Foi aí que pensei como seria se eu fosse seqüestrado em meu carro. O GM Celta não é lá um veiculo espaçoso, e qualquer reação dentro dele seria complicada. Além disso, é provável que me trancassem no porta-malas, como os seqüestradores costumam fazer. Decidi então conhecer meu porta-malas melhor.



Depois de tirar mil CDs, roupas, papéis e um chapéu de palha, consegui o espaço para ficar dentro do bagageiro do meu carro. Fechei-o, para maximizar a experiência. Nesse momento já pensei em escrever no blog. Era uma idiotice se trancar no porta-malas do carro, sem dúvidas, então pensei sobre o tipo de idiota que eu sou: aquele que gosta de divertir os outros com suas idiotices absurdas, como o Michelangelo das Tartarugas Ninjas, ou o Hurley, do Lost, ou mesmo o Homer.


Resenha: O porta-malas do GM Celta (modelo antigo)


Apesar de bem pequeno, o espaço do porta-malas é suficiente para carregar um adulto de porte médio, com o mínimo de conforto que se espera desse tipo de acomodação. Não dá para esticar as pernas, claro, e a posição fetal é a mais confortável e natural possível. O lugar onde fica a roda traseira do carro serve como um ótimo apoio para a cabeça, apesar de meio duro, e a altura faz com que seja possível mudar o lado do corpo com facilidade, mesmo se as mãos estiverem algemadas. Não entrarei em méritos de segurança, mesmo por que não existe nenhum tipo de cinto ou airbag nos bagageiros, mesmo em veículos mais luxuosos que o Celta.


Pensei em como poderia reagir a uma situação de risco trancado no porta-malas, e consegui chegar em algumas conclusões básicas:

· Os criadores do Celta fizeram um porta-malas bem seguro. Uma vez lá, não dá para levantar o banco de volta ou tentar abrir a porta traseira. Mas existe uma falha em tudo isso: a tampa de plástico do Celta é bem frágil. Não é preciso muita força para quebrá-la e dar um susto nos bandidos. Mas depois disso, é bom saber como reagir.

· O porta-malas é um espaço amplo e pouco utilizado no dia-a-dia. É possível guardar uma série de objetos lá que poderiam ser úteis na hora do aperto.

· Um telefone celular emergencial lá seria bem útil para tentar mandar mensagens de socorro. Um GPS também seria bom, para indicar aos homens da lei sua localização, já que não tem janelas no porta-malas.

· Uma faca seria fundamental para uma boa reação quebrando a tampa de plástico, de preferência uma peixeira grande e bem afiada. A faca também serve para cortar amarras ou mordaças, e talvez por isso um modelo “Rambo”, com serrinhas perto do cabo, seja o mais indicado.

· Um alicate também pode ser legal para cortar algemas ou coisa parecida.

· Um iPod, PSP, caderninho de Sudoku (com lanterna) ou mesmo um bom livro também são importantes, já que ficar trancado horas no porta-malas é, acima de tudo, bem chato.


Não demorei muito para pensar em tudo isso, e quando tentei sair do porta-malas para me entreter com outra tolice qualquer, percebi que não conseguiria fazer isso sem quebrar nada. Decidi então esperar meu irmão voltar, afinal, ele já estava chegando. Mas acontece que ele demorou, e nesse meio tempo comecei a cochilar no bagageiro desconfortável, ouvindo Godspeed You! Black Emperor, Beattalica, Cartola, Angra, Dj Tiesto e até mesmo o maldito Radiohead. Onde estava com a cabeça quando gravei esse disco? Também descobri que a música da Bessie Smith que havia pegado no Kazaa era um daqueles fakes em que fica repetindo um único refrão. E que todo o CD do Marilyn Manson estava em um volume baixo de mais. E o porta-malas estava completamente escuro, cada vez mais quente, cada vez mais abafado, e eu cada vez mais sufocado, e com medo de fantasmas. Quando o João chegou, algumas horas depois, eu estava meio morto, meio paranóico e bem aliviado. Mas até que foi divertido.


No próximo post devo escrever sobre algo normal, para variar.


quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Sobrevivência ao Self-Service

[Parágrafo introdutório]

(De volta com os Posts. Devidos a problemas pessoais, não postei durante o mês passado. Agora decidi que vou atualizar esse fantástico portal de cultura e entretenimento as terças e quintas de madruga, ou segundas e sextas. Ou nos fins de semana. Enfim, duas atualizações semanais, eu espero. Também encomendei uma nova programação visual com minha designer particular, e se ficar tão bonita quanto a garota, sem dúvidas o blog será um sucesso. E agora chega de um longo parágrafo introdutório e vamos ao conteúdo).


[Começo do Post]


Comer todos os dias no Mc Donald’s seria ótimo. Mas infelizmente, essa não é a realidade social do país. A maior parte dos trabalhadores assalariados que se vêem na rua ao meio-dia, e não tem nada decente pra comer, corre para uma variante gastronômica um pouco diferente dos fast-food: os self-service. A idéia é basicamente a mesma: colocar no estômago algo rápido e barato chamando aquilo de refeição. A diferença é que enquanto os fast-food são limitados e repetitivos, os self-service propiciam uma perigosa variação de elementos culinários. Pode parecer legal, mas uma coisa é fato: mais opções, mais riscos. Além disso, ao invés de uma atendente sorridente, os self-service geralmente propiciam uma vasta fila de trabalhadores esfomeados pegando todas as batatas fritas antes de você.


Foi pensando nesse problema que decidi escrever um Guia de Sobrevivência aos Self-Service. Algo como o Guia de Sobrevivência aos Zumbis misturado com o guia de melhores restaurantes da cidade da Veja. A idéia é garantir dicas praticas àqueles que sofrem diariamente com a comida a quilo. Hoje eu não mais sofro com isso, mas já passei anos nessa vida, observando atentamente aos detalhes. Não é assunto só pra um post, então irei criar um marcador especial para esse conteúdo. Nesse primeiro, irei abordar o básico. Mais tarde irei falar sobre comidas especificas, tipos de self-service, etiqueta e tudo mais.


Tudo se transforma


Os self-service são como a natureza: nada é desperdiçado. Isso vale para o bife de ontem, que virou a carne fatiada de hoje e será algo flutuando no feijão de amanhã. Algumas pessoas podem não se importar com a idade real da sua comida, afinal, qual o problema de ingerir algo não-fresco, se estiver quentinho? Mas para aqueles (como eu), que querem acreditar que sua comida foi feita nas ultimas horas, existem algumas dicas que ajudam a manutenção dessa ilusão:


-Nada de empanados: coisinhas empanadas em self-service podem parecer extremamente atraentes por fora, mas é bem arriscado comer algo que esconde sua real identidade. É como namorar uma pessoa mentirosa e falsa, e como fica claro por todos “abouts” do Orkut, ninguém gosta de pessoas falsas, nem mesmo as pessoas falsas. O mesmo vale para empanados de self-service. Morder algo assim é uma loteria, e o recheio pode ser qualquer coisa – mesmo – que não fez sucesso na semana anterior. Uma vez, há muitos anos, desrespeitei essa regra para pegar um empanado de algo que dizia ser frango em um restaurante que comi todos os dias (felizmente ele não existe mais). Era bem bonito por fora, mas na primeira mordida senti o gosto de algo frio, com um molho levemente azedo e consistência semelhante a um tufo de cabelos. E não eram cabelos, mas sim o frango desfiado com molho picante de sexta-feira (raise dead nele). E estávamos na quarta. Eu me lembrava um pouco do gosto por que tinha experimentado ele “novo”, apesar de com certeza ele já havia sido um frango grelhado um dia.


Se por algum acaso existir uma identificação no empanado, dá pra tentar arriscar coisas com recheio de “presunto” ou “queijo”, que não são servidos sozinhos nesses restaurantes. Ainda é algo reservado àqueles de grande coragem e valor, pois nunca dá pra saber o que esperar dos Chefs de self-service em relação aos empanados.


- Atenção com arroz e feijão “temperados”: Um tipo peculiar de comida dos self-service, são aqueles arrozes e feijões etiquetados como “temperados” ou algo parecido. Esse tipo de comida pode ser classificado como “S.O.S.” (Sobras de Ontem Sortidas), e não são algo realmente recomendável. Mas pode ser que as vezes, seja uma boa opção para tentar experimentar novos sabores, já que arroz e feijão de self-service costuma ter gosto de nada. Não é algo tão arriscado quanto os empanados, pois um exame visual e um pouco de semiótica podem identificar claramente as ameaças presentes.


No caso do arroz, é bom dar uma remexida para ver os ingredientes presentes na mistura. Inicialmente, conte os fragmentos alimentícios do produto. Comer um arroz com mais de 9 tipos de sobras é algo perigoso, principalmente se a variação do tamanho dos pedaços for grande. Depois, confira o que daqueles ingredientes está sendo oferecido pelo restaurante hoje. Essa fórmula permite a identificação de o que provavelmente está sendo reutilizado pelo estabelecimento. Pessoas com boa memória, que comam sempre no mesmo lugar, podem também tentar achar algum prato dos últimos dias na mistura. A principal atenção é nas carnes. Mais uma vez, coisas como presunto, que não costumam estar dentre as opções cotidianas do local, são positivas.


No caso do feijão, a idéia é tentar fazer o mesmo, mas como nunca dá pra saber exatamente o que está flutuando naquilo, se forem identificados mais de três tipos de pedaços no caldo, é melhor dispensar de uma vez. Também é legal um exame de densidade, remexendo a colher para ver se o feijão é muito grosso, o que detectar também restos de comida que foram parar no fundo.


É importante ressaltar que mesmo o feijão e o arroz podem ser de dias passados. Mas como isso vale pra tudo no restaurante, nem faz tanta diferença assim.


- Massas para que?: Lasagna, Rondelli e Ravioli sem dúvidas são bons pratos, mas não se engane que as massas de self-services serão gostosas, mesmo se parecer bastante. Comer massas requintadas em um restaurante não-especializado (os especializados ficam para outro post) é um risco desnecessário. O risco é o mesmo de um empanado, e além de tudo, elas costumam pesar bastante, tanto na balança do restaurante quanto na questão nutricional.


Uma dica para quem quiser arriscar massas é sempre comer sabores de queijo ou presunto, e evitar ao máximo recheios de bolonhesa (carne moída é o fim da linha) e frango desfiado. De qualquer forma, são raras as vezes em que pegar massas valerá a pena.


-Concentre nos básicos: Ao comer em um self-service genérico, o melhor a ser feito é não arriscar e comer a matéria-prima: arroz e feijão comuns, uma carne grelhada, uma salada básica e talvez batatas fritas ou um ovo. É claro que comendo muitas vezes no mesmo lugar dá para tentar arriscar coisas novas, isso depende muito da familiaridade de confiabilidade do lugar. No mais, uma postura conservadora é uma boa atitude ao conhecer um novo self-service.