terça-feira, 21 de agosto de 2007

Dicas de segurança

Por motivos pessoais não cumpri a meta dos posts semana passada. Mas por motivos pessoais acredito que vou cumprir nessa semana. Ou não.


Enfim, queria relembrar algo que me ocorreu na sexta-feira retrasada. O grande Pedro Grossi me fez um convite irrecusável para uma peça de teatro com atores famosos de novela (Petrônio Gontijo e Maria Fernanda Cândido), chamada Pequenos Crimes Conjugais. Apesar de um enredo interessante, e supostamente, atores profissionais, lá pro meio já estava achando um bocado chato. Fui assistir ao espetáculo junto da garota mais interessante que eu já conheci (minha Lorena), e do Mr. Grossi, e parece que minhas companhias gostaram muito mais do que eu. Pode ser que eu não tenha o refinamento necessário para gostar de um bom teatro, mas tudo bem. Afinal, quando decidi montar esse blog, não pensei em resenhar peças e coisas assim (pseudocultural até demais). Prefiro outro tipo de resenha.


Pois bem, após deixar todas minhas companhias em casa, voltei para a minha, entrei na garagem, e me dei conta que havia esquecido a chave. Toquei a campainha mas ninguém estava, então liguei pro celular do meu irmão, que estava tomando milk shakes com sua garota em um canto da cidade. Sem nada que pudesse fazer senão esperá-lo, sentei no carro e fui ouvir um disco arranhado cheio de MP3s que fizeram sucesso (pra mim) em 2002. Chateei-me rapidamente.


Pensei em fazer algo útil. Pensei em fazer algo inútil. Pensei até em postar no blog. Mas sozinho, de madrugada, na garagem do prédio, não poderia fazer nada disso. Pensei então em situações hipotéticas, como as que eu discutia com o Fábio nos tempos de escola enquanto dávamos voltas, subindo e descendo as escadas do pátio coberto. Foi aí que pensei como seria se eu fosse seqüestrado em meu carro. O GM Celta não é lá um veiculo espaçoso, e qualquer reação dentro dele seria complicada. Além disso, é provável que me trancassem no porta-malas, como os seqüestradores costumam fazer. Decidi então conhecer meu porta-malas melhor.



Depois de tirar mil CDs, roupas, papéis e um chapéu de palha, consegui o espaço para ficar dentro do bagageiro do meu carro. Fechei-o, para maximizar a experiência. Nesse momento já pensei em escrever no blog. Era uma idiotice se trancar no porta-malas do carro, sem dúvidas, então pensei sobre o tipo de idiota que eu sou: aquele que gosta de divertir os outros com suas idiotices absurdas, como o Michelangelo das Tartarugas Ninjas, ou o Hurley, do Lost, ou mesmo o Homer.


Resenha: O porta-malas do GM Celta (modelo antigo)


Apesar de bem pequeno, o espaço do porta-malas é suficiente para carregar um adulto de porte médio, com o mínimo de conforto que se espera desse tipo de acomodação. Não dá para esticar as pernas, claro, e a posição fetal é a mais confortável e natural possível. O lugar onde fica a roda traseira do carro serve como um ótimo apoio para a cabeça, apesar de meio duro, e a altura faz com que seja possível mudar o lado do corpo com facilidade, mesmo se as mãos estiverem algemadas. Não entrarei em méritos de segurança, mesmo por que não existe nenhum tipo de cinto ou airbag nos bagageiros, mesmo em veículos mais luxuosos que o Celta.


Pensei em como poderia reagir a uma situação de risco trancado no porta-malas, e consegui chegar em algumas conclusões básicas:

· Os criadores do Celta fizeram um porta-malas bem seguro. Uma vez lá, não dá para levantar o banco de volta ou tentar abrir a porta traseira. Mas existe uma falha em tudo isso: a tampa de plástico do Celta é bem frágil. Não é preciso muita força para quebrá-la e dar um susto nos bandidos. Mas depois disso, é bom saber como reagir.

· O porta-malas é um espaço amplo e pouco utilizado no dia-a-dia. É possível guardar uma série de objetos lá que poderiam ser úteis na hora do aperto.

· Um telefone celular emergencial lá seria bem útil para tentar mandar mensagens de socorro. Um GPS também seria bom, para indicar aos homens da lei sua localização, já que não tem janelas no porta-malas.

· Uma faca seria fundamental para uma boa reação quebrando a tampa de plástico, de preferência uma peixeira grande e bem afiada. A faca também serve para cortar amarras ou mordaças, e talvez por isso um modelo “Rambo”, com serrinhas perto do cabo, seja o mais indicado.

· Um alicate também pode ser legal para cortar algemas ou coisa parecida.

· Um iPod, PSP, caderninho de Sudoku (com lanterna) ou mesmo um bom livro também são importantes, já que ficar trancado horas no porta-malas é, acima de tudo, bem chato.


Não demorei muito para pensar em tudo isso, e quando tentei sair do porta-malas para me entreter com outra tolice qualquer, percebi que não conseguiria fazer isso sem quebrar nada. Decidi então esperar meu irmão voltar, afinal, ele já estava chegando. Mas acontece que ele demorou, e nesse meio tempo comecei a cochilar no bagageiro desconfortável, ouvindo Godspeed You! Black Emperor, Beattalica, Cartola, Angra, Dj Tiesto e até mesmo o maldito Radiohead. Onde estava com a cabeça quando gravei esse disco? Também descobri que a música da Bessie Smith que havia pegado no Kazaa era um daqueles fakes em que fica repetindo um único refrão. E que todo o CD do Marilyn Manson estava em um volume baixo de mais. E o porta-malas estava completamente escuro, cada vez mais quente, cada vez mais abafado, e eu cada vez mais sufocado, e com medo de fantasmas. Quando o João chegou, algumas horas depois, eu estava meio morto, meio paranóico e bem aliviado. Mas até que foi divertido.


No próximo post devo escrever sobre algo normal, para variar.


10 comentários:

Anônimo disse...

Cara, quando você me contou que tinha feito isso, juro que achei que era zoeira : P

Flávia Denise de Magalhães disse...

o pior de tudo é que eu não duvido que vc fez isso nem por um minuto!

Anônimo disse...

Achei muito válida a análise! Vou te contratar pra analisar as condições de sobrevivência em um porta-malas de Gol Star 99.
E, por favor, NÃO ESCREVA sobre algo normal no próximo post!

Anônimo disse...

vc gritou p joão saber que vc estava no porta malas?

Unknown disse...

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA

Se eu quiser passar por cima de um bando de ciganos com esse carro qual a velocidade máxima pra eu não estragar o pára-brisas?

P.S.: Me senti honrado de ter sido citado em um post tão memorável ;)

Anônimo disse...

Eu te desafio a uma guerra de polegares :)

Anônimo disse...

adoro seus posts-noiados... até mesmo pq eu sei q é verdade...

mas aqui, se vc tava fechado no porta-malas como vc saiu? como seu irmão descobriu q vc tava lá?

Guilherme Avila a.k.a RODO disse...

E o Marcelão ainda nem usa drogas....

Alexei Fausto disse...

Marcelo

acho que realmente você é, o que eu e o pedrinho concluímos, doido.

é cada coisa que me inventa, acho que o seu blog responde à pergunta que sua mãe e sua garota me fizeram.

Anônimo disse...

por que todo carro tem um chapeu de palha?