quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Sobrevivência ao Self-Service

[Parágrafo introdutório]

(De volta com os Posts. Devidos a problemas pessoais, não postei durante o mês passado. Agora decidi que vou atualizar esse fantástico portal de cultura e entretenimento as terças e quintas de madruga, ou segundas e sextas. Ou nos fins de semana. Enfim, duas atualizações semanais, eu espero. Também encomendei uma nova programação visual com minha designer particular, e se ficar tão bonita quanto a garota, sem dúvidas o blog será um sucesso. E agora chega de um longo parágrafo introdutório e vamos ao conteúdo).


[Começo do Post]


Comer todos os dias no Mc Donald’s seria ótimo. Mas infelizmente, essa não é a realidade social do país. A maior parte dos trabalhadores assalariados que se vêem na rua ao meio-dia, e não tem nada decente pra comer, corre para uma variante gastronômica um pouco diferente dos fast-food: os self-service. A idéia é basicamente a mesma: colocar no estômago algo rápido e barato chamando aquilo de refeição. A diferença é que enquanto os fast-food são limitados e repetitivos, os self-service propiciam uma perigosa variação de elementos culinários. Pode parecer legal, mas uma coisa é fato: mais opções, mais riscos. Além disso, ao invés de uma atendente sorridente, os self-service geralmente propiciam uma vasta fila de trabalhadores esfomeados pegando todas as batatas fritas antes de você.


Foi pensando nesse problema que decidi escrever um Guia de Sobrevivência aos Self-Service. Algo como o Guia de Sobrevivência aos Zumbis misturado com o guia de melhores restaurantes da cidade da Veja. A idéia é garantir dicas praticas àqueles que sofrem diariamente com a comida a quilo. Hoje eu não mais sofro com isso, mas já passei anos nessa vida, observando atentamente aos detalhes. Não é assunto só pra um post, então irei criar um marcador especial para esse conteúdo. Nesse primeiro, irei abordar o básico. Mais tarde irei falar sobre comidas especificas, tipos de self-service, etiqueta e tudo mais.


Tudo se transforma


Os self-service são como a natureza: nada é desperdiçado. Isso vale para o bife de ontem, que virou a carne fatiada de hoje e será algo flutuando no feijão de amanhã. Algumas pessoas podem não se importar com a idade real da sua comida, afinal, qual o problema de ingerir algo não-fresco, se estiver quentinho? Mas para aqueles (como eu), que querem acreditar que sua comida foi feita nas ultimas horas, existem algumas dicas que ajudam a manutenção dessa ilusão:


-Nada de empanados: coisinhas empanadas em self-service podem parecer extremamente atraentes por fora, mas é bem arriscado comer algo que esconde sua real identidade. É como namorar uma pessoa mentirosa e falsa, e como fica claro por todos “abouts” do Orkut, ninguém gosta de pessoas falsas, nem mesmo as pessoas falsas. O mesmo vale para empanados de self-service. Morder algo assim é uma loteria, e o recheio pode ser qualquer coisa – mesmo – que não fez sucesso na semana anterior. Uma vez, há muitos anos, desrespeitei essa regra para pegar um empanado de algo que dizia ser frango em um restaurante que comi todos os dias (felizmente ele não existe mais). Era bem bonito por fora, mas na primeira mordida senti o gosto de algo frio, com um molho levemente azedo e consistência semelhante a um tufo de cabelos. E não eram cabelos, mas sim o frango desfiado com molho picante de sexta-feira (raise dead nele). E estávamos na quarta. Eu me lembrava um pouco do gosto por que tinha experimentado ele “novo”, apesar de com certeza ele já havia sido um frango grelhado um dia.


Se por algum acaso existir uma identificação no empanado, dá pra tentar arriscar coisas com recheio de “presunto” ou “queijo”, que não são servidos sozinhos nesses restaurantes. Ainda é algo reservado àqueles de grande coragem e valor, pois nunca dá pra saber o que esperar dos Chefs de self-service em relação aos empanados.


- Atenção com arroz e feijão “temperados”: Um tipo peculiar de comida dos self-service, são aqueles arrozes e feijões etiquetados como “temperados” ou algo parecido. Esse tipo de comida pode ser classificado como “S.O.S.” (Sobras de Ontem Sortidas), e não são algo realmente recomendável. Mas pode ser que as vezes, seja uma boa opção para tentar experimentar novos sabores, já que arroz e feijão de self-service costuma ter gosto de nada. Não é algo tão arriscado quanto os empanados, pois um exame visual e um pouco de semiótica podem identificar claramente as ameaças presentes.


No caso do arroz, é bom dar uma remexida para ver os ingredientes presentes na mistura. Inicialmente, conte os fragmentos alimentícios do produto. Comer um arroz com mais de 9 tipos de sobras é algo perigoso, principalmente se a variação do tamanho dos pedaços for grande. Depois, confira o que daqueles ingredientes está sendo oferecido pelo restaurante hoje. Essa fórmula permite a identificação de o que provavelmente está sendo reutilizado pelo estabelecimento. Pessoas com boa memória, que comam sempre no mesmo lugar, podem também tentar achar algum prato dos últimos dias na mistura. A principal atenção é nas carnes. Mais uma vez, coisas como presunto, que não costumam estar dentre as opções cotidianas do local, são positivas.


No caso do feijão, a idéia é tentar fazer o mesmo, mas como nunca dá pra saber exatamente o que está flutuando naquilo, se forem identificados mais de três tipos de pedaços no caldo, é melhor dispensar de uma vez. Também é legal um exame de densidade, remexendo a colher para ver se o feijão é muito grosso, o que detectar também restos de comida que foram parar no fundo.


É importante ressaltar que mesmo o feijão e o arroz podem ser de dias passados. Mas como isso vale pra tudo no restaurante, nem faz tanta diferença assim.


- Massas para que?: Lasagna, Rondelli e Ravioli sem dúvidas são bons pratos, mas não se engane que as massas de self-services serão gostosas, mesmo se parecer bastante. Comer massas requintadas em um restaurante não-especializado (os especializados ficam para outro post) é um risco desnecessário. O risco é o mesmo de um empanado, e além de tudo, elas costumam pesar bastante, tanto na balança do restaurante quanto na questão nutricional.


Uma dica para quem quiser arriscar massas é sempre comer sabores de queijo ou presunto, e evitar ao máximo recheios de bolonhesa (carne moída é o fim da linha) e frango desfiado. De qualquer forma, são raras as vezes em que pegar massas valerá a pena.


-Concentre nos básicos: Ao comer em um self-service genérico, o melhor a ser feito é não arriscar e comer a matéria-prima: arroz e feijão comuns, uma carne grelhada, uma salada básica e talvez batatas fritas ou um ovo. É claro que comendo muitas vezes no mesmo lugar dá para tentar arriscar coisas novas, isso depende muito da familiaridade de confiabilidade do lugar. No mais, uma postura conservadora é uma boa atitude ao conhecer um novo self-service.


5 comentários:

Otávio Rangel disse...

esse blog realmente está virando uma peleja para ler durante o trampo.
Acabei de almoçar e ja começo a ter fome. kkkk
Keep posting always!!!!

Anônimo disse...

mto boas suas dicas!
Mas o que fazer qdo as únicas opções são o arroz e o feijão temperados, os empanados e as massas? Vc me aconselha a comer salada?

Marcelão disse...

Sra. Lorena,

Eu aconselharia que você trocasse de restaurante.

;) Linda

Unknown disse...

Ok, apesar de defensor e consumidor diário de um self-service (ou serve-serve compo dizem no nordeste) devo admitir que às vezes achamos algumas surpresas nas comidas, mas não confie tanto assim nos alfaces do mc donalds.

Anônimo disse...

Marcelão, tu és um djênio! Se bebesse eu bebesse eu pediria pra você escrever um desse sobre botecos :)